Sunday, December 17, 2017




CORAÇÕES FACEIROS
(Ilton Ornelas Filho)

Pedi carona na estrada da vida
Fui na janela para observar
O horizonte, a vista colorida
Não vi o tempo passar

E o para-brisa refletiu meu rosto
De barbas brancas, marcas de algum vagar
Naquele instante o escuso ficou exposto
Não vi o tempo passar

Abra a janela, deixe o sol entrar
Deixe seus braços abraçar o vento
Deixe a cabeça resfriar no ar
Deixa rolar, liberte o pensamento
Pois o caminho é breve, e vai veloz
E nesse mundo somos passageiros
Poder medrar é o que restou prá nós
Sigamos juntos corações faceiros

Peguei carona na estrada da sorte
Fui na janela para observar
Um mundo insano desafiando a morte
Fingi não me abalar

Peguei carona rumo à nostalgia
E no retrovisor recordações
De um tempo cândido, onde se vivia
Armando revoluções

Abra a janela, deixe o sol entrar
Deixe seus braços abraçar o vento
Deixe a cabeça resfriar no ar
Deixa rolar, liberte o pensamento
Pois o caminho é breve, e vai veloz
E nesse mundo somos passageiros
Poder medrar é o que restou prá nós
Sigamos juntos corações parceiros, faceiros

Monday, February 13, 2017


VER O SOL
(Ilton Ornelas Filho)

O tempo voa, o tempo voa
o sol se esconde, e o trem já vai partir.
O sol renasce, o sol se esconde,
o tempo voa, e o trem já vai...

No nosso mundo bem ferrorama
voltei de novo ao ponto de onde parti.
E a lua cheia, a lua nova
minguantemente volta de onde partiu

O rato andando em sua roda
nessa gaiola, sua cobaia...

Ele saiu prá ver o sol brilhar,
prá ver o sol se pôr no mar
mil voltas no mundo dar, andar,
e a lua vai transladar no ar,
prá ver o sol se pôr





O Gato da Madrugada
(Ilton Ornelas Filho)

Numa noite fria de inverno nasceu o Gato da Madrugada
Sete vidas Deus lhe concedeu, oh... Gato da Madrugada!

Então na mesma noite tal felino foi abandonado
Que noite de azar, pois logo logo ele foi encontrado
Por uma menininha que por pura insensatez
Lhe jogou na geladeira mais ou menos por um mês
Então o gato viu a "Dona Morte" uma primeira vez

Por uma junta de veterinários foi descongelado
E quando abriu os olhos fugiu correndo apavorado
Se jogou da janela, por pura insensatez
Não viu que se encontrava no andar 23
Então o gato viu a "Dona Morte" uma segunda vez

Caiu na área do primeiro andar do edifício do lado
Vitinho então o encontrou, menino muito levado
Lhe jogou no micro-ondas, por pura insensatez
Acionou ajuste rápido e um sorriso prá vocês
Então o gato viu a "Dona Morte" uma terceira vez

Depois de explodir então retorna o gato azarado
Mas não em um lugar que se possa dizer privilegiado
Na casinha de um cão do tipo dinamarquês
Que não foi receptivo, que não foi muito cortês
O gato viu a cara da morte pela quarta vez

E o pobre do bichano sai correndo bem desatinado
E atravessou a rua em disparada sem olhar pro lado
Vinha um Chevette rosa com os bancos xadrez
E o mesmo destino novamente se fez
O gato viu a cara da morte pela quinta vez

Para aumentar ainda mais o azar do Gato da Madrugada
Passou sem perceber, a mil por hora
embaixo de uma escada
Quando despencando, com muita rapidez
Cai em cima do gato um piano inglês
O gato viu a cara da morte pela sexta vez

E o fim da nossa história então se dá de forma inusitada
O gato encontra um saco da branquinha, pura, refinada
O gato sorridente cheira tudo de uma vez
Morrendo de overdose e para sempre dessa vez
E a "Dona Morte" grita feliz: "... o gato é meu freguês"
Coitado do Gato da Madrugada

LOLA
(Ilton Ornelas Filho)

Lola se inspirava nas estrelas
prá escrever suas canções de rock'n roll
uop..bop...bap...tchura... uop...bap...tchurá

Sempre foi notável seu talento, 
suas virtudes, seu dote vocacional
uop..bop...bap...tchura... uop...bap...tchurá

Mas seus pais diziam Lola:
- Minha filha, o estudo é vital

Pobre Lola não tinha dinheiro
prá comprar um instrumento musical
uop..bop...bap...tchura... uop...bap...tchurá

Mesmo que as pedras do seu caminho
fossem duras para alguém descalço andar
uop..bop...bap...tchura... uop...bap...tchurá

-Suas más companhias Lola
-Minha filha, o estudo é vital

Lola se inspirava nas estrelas
prá saber qual rumo ia trilhar
Lola tinha muita persistência
O que ela queria era cantar